China amplia liderança nas importações brasileiras

11 de junho de 2021

Conforme o levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria, a China foi responsável por quase 22% das compras externas brasileiras no ano passado, principalmente em produtos tecnológicos.

Nos últimos 15 anos, o país asiático apresentou uma ascensão considerável no comércio exterior. Principal origem das importações brasileiras desde 2019, a China continuou avançando sobre o comércio externo brasileiro em 2020.

Além de expandir as exportações para o Brasil, a China passou a vender produtos cada vez mais sofisticados.

Entre 2006 e 2020 os setores que mais se desenvolveram foram: máquinas e equipamentos, produtos químicos e materiais elétricos. Até segmentos nos quais a China tinha pouca tradição conquistaram consideráveis fatias de mercado: veículos e automóveis (de 2% para 11%) e química fina (de 1% para 14%).

Simultaneamente, a indústria brasileira passou a importar cada vez menos da União Europeia e da América do Sul.

Segundo Fabrizio Panzini, gerente de Políticas de Integração Nacional da CNI, o crescimento do comércio com a China tem criado uma dependência nociva para os setores mais desenvolvidos da economia brasileira. Em média 75% das exportações pra China são concentradas em soja, minério de ferro e petróleo. Enquanto isso, o Brasil importa bens cada vez mais complexos.

O gerente da CNI, não aposta na diversificação do comércio com a China, ele acredita que o máximo de espaço para ampliar o comércio com a China está na agroindústria, com mais exportações de carne.

Panzini defende a rápida aprovação e implementação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia para que a indústria brasileira recupere espaço nas exportações. Pois, o Brasil tem um comércio mais equilibrado com os países europeus, exportando tanto produtos básicos como industrializados. Segundo ele, o mesmo não acontece com a China, pois não existe a contrapartida do crescimento das exportações de bens industrializados brasileiros.

O acordo tem potencial de ganhos, pois prevê a queda acelerada de tarifas e barreiras comerciais para os produtos do Mercosul no mercado europeu do que o dos produtos europeus aqui.

O gerente da CNI avalia que a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia é importante para restabelecer o comércio na América Latina, visto que o Brasil tem acordos comerciais profundos com vários países da América Latina, mas as trocas dentro do continente são cada vez menores, diante do avanço do comércio com a China.

Ele ainda recomenda melhorias internas brasileiras, com a aprovação de reformas econômicas, especialmente a tributária, que reduza o custo Brasil e equilibre os impostos com os dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Se o Brasil fizer o dever de casa, vai melhorar a competitividade e aproveitar ainda mais os ganhos do acordo com a União Europeia”, explica Panzini.

Fonte: Brazil Modal Eventos e Noticias